quinta-feira, 28 de junho de 2012

à margem




(O mendigo está bêbado, pedindo esmola e observando o movimento da rua)
- Uma esmolinha, por favor uma esmolinha pra pinguinha da semana.
Eu poderia tá matando, poderia tá robando, eu poderia tá até mentindo que o dinheiro é pro leite das criança, mas não! To aqui só bebendo... e pedindo!
(Observa as pessoas na rua... e percebe uma mulher chique passeando com seu cachorrinho de roupinha rosa e coleira de brilhantes)
- Olha só que cachorrinho bacana, todo pomposo e cherosinho...
Ô dona, quem e mais bicho aqui? Eu ou ele?
Ô dona... to falando com vocêê ooow ...
(Cantarola) (chega um guarda)
- Eu to incomodando não é, seu guarda... mas me deixa aqui ... não vo mais incomodar ... (continua falando) ... é que eu não tenho onde me infiar sabe, os governo qué limpá a cidade e botá a gente tudo escondido... só que o que... precisa RG pra entrá no abrigo... aí eu num tenho cartera ... robaram minha cartera outro dia ... aí falaram pra eu ir num tal de Poupa Tempo... chegando lá não pude entrá, falaro que eu tava mal vestido ... Mas eu tava até limpinho po... é que roupa eu só tenho essa mesmo...
Também que eu nem que queria mesmo ir pra um abrigo ... eu sou da rua... e meu cachorro também ia tê que ficá pra fora no relento... E eu e aquele purguento é assim, tamo junto e misturado... se é pra tomá relento, tamo junto, se é pra coçá as purga tamo junto. Se é pra comer nois come, só a pinga que eu não do pq é ruim demais gostá disso aí.
Que nem eu , eu o que, eu estudava pra ser alguém, na verdade eu sempre achei que era alguém mas a minha velha disse que eu tinha que ser alguém que era estudado, então ela me deu um dinheiro e fez eu promete que eu vinha pra cá, me arranjá, que aqui na cidade grande tem mais oportunidade.. mas se tem oportunidade não é pra mim não. Aí foi me subindo a saudade foi me descendo as pinga... eu acabei que perdi os rumo das coisa. Hoje em dia eu não me lembro direito de onde eu vim...Pensei umas par de vez em voltar, mas também, to com vergonha da velha, deixe que ela pensa que eu formei na escola de ser alguém mesmo...
(o guarda dá o dinheiro pra ele ir embora pra longe)

O que, você qué que eu não volte mas aqui? Olha senhor, promessa comigo é coisa séria, então não vo garanti, porque as vezes eu erro. Mai vo tentá ...



Texto: Camila Almeida Leite.
Interpretado por: Renato Milan em 'Quando todo mundo quer saber é porque ninguém tem nada com isso' - Montagem TCC T10B. Direção: Renata Zhanetta.
Foto: André Castellan.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Esperança




Espero para saber, espero encontrar, espero para ter, espero para falar, espero querer, espero não precisar mais esperar. Espero que devolvam o que perdi, espero que reconheçam, espero que esperem de mim, espero que me esperem. Espero seguir em frente, espero conseguir, mal espero para conhecer, espero para querer bem, espero que de esperar em esperar minha vida não passe em vão. Espero ter certeza algum dia. Espero logo depois duvidar. Espero por um carinho sincero, espero por um único olhar. Espero que alguém me encontre, espero alguém que vai chegar. Espero para ver se é você, espero que seja. Espero que se for, que vá me esperar. Espero até o sol clarear, só para ver como é bonito. Espero o inverno chegar. Espero por um mundo mais colorido. Espero ter respostas para as perguntas. Espero ter mais perguntas para responder. Espero que esperança não me falte. Espero poder me encontrar. Espero viver para ter o que contar. Espero que de esperar em esperar encontre alguém que também esteja esperando por mim. 



... Sei rimar romã com travesseiro. 

em construção





Desisti! Joguei para o universo.
Aprendi que o que é meu vai encontrar um jeito de chegar.
Aqui fico e faço o que posso para merecer.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

de repente



Essa é a história de como um completo estranho invadiu o meu mundo, o desconstruiu totalmente e me fez reconstruí-lo a partir de um novo eu, agora, totalmente influenciado por sua presença.
Sem norte e sem rumo estou aqui presa a uma liberdade que me abraça e também me sufoca. Estou sem chão e tenho todas as possibilidades de caminhos na minha frente. A única escolha que não tenho é virar as costas e voltar atrás.
Eu, cega e louca corro por onde escuto sua voz. Que não me dá nada, nem diz nada que possa me salvar.
E meus instintos se alimentam simplesmente da esperança de que você me encontre, para que assim eu possa me encontrar. 


sábado, 23 de junho de 2012

sem volta




Desamor não se explica, não se escolhe.
De repente quando se vê  está ali, parado na sua frente, imóvel, hipnotizado.
Não há medidas ou razões que constroem ou consertam as situações que fingimos controlar
Depois nos damos conta que já foi e não há volta. 
Assim como o amor. 

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Socorro não estou sentindo nada...




Não tomou o remédio naquele dia. Não aguentava mais a vida entorpecida, queria sentir, mesmo que não se sentisse bem com o que sentisse. Em uma vida tão cheia de vazios, sentir dor é também uma maneira de sentir.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Uma história de amor inesquecível, até para os que esquecem...



Ensaiando para se declarar para Jonas, o marido de quem não se lembra por conta de sua doença

Alzhira: Sabe, tudo isso é muito estranho para mim. Nunca senti por ninguém o que sentia pelo meu marido. Apesar de eu nunca ter admitido isso a ele, assim que eu o vi eu percebi que ele mudaria a minha vida e eu nunca duvidei disso.
Mas ultimamente me encontro num estado de nervosismo e felicidade. É engraçado eu dizer isso aos 40 anos, mas pareço uma adolescente que sente o perfume das rosas pela primeira vez. E então eu tenho medo. Mas você aparece e esse medo é substituído por...  É como se eu estivesse num Parque de Diversões pela primeira vez.  

domingo, 10 de junho de 2012

Era uma vez ...



Era uma vez uma menina grande. Ela adorava ser grande porque, para ela, isso significava que poderia fazer o que quisesse. E foi. Fez de tudo para que além de grande, fosse grandiosa.
As pessoas que a cercavam gostava dela e não se importavam com seu tamanho. Ela, então, era feliz.
Mas conforme crescia sentia que nunca conseguiria estar totalmente preenchida, porque ela era muito grande. E aos poucos percebia que seu tamanho era incomodo para quem convivia com ela. Ocupava muito espaço e muito tempo  das pessoas que a amavam, e elas acabavam indo embora. Entendeu também que há uma enorme diferença entre ser grande e ser grandiosa.
Então recolheu-se em si. Refugiou-se. Escondeu-se. Anulou-se para poder dar espaço. Acomodou-se a uma tristeza e assim, diminuiu até quase não mais existir. 
Dizem, hoje em dia, que ela se encontra lá, procurando equilíbrio para não ser tão grande a ponto de incomodar, e nem tão pequena a ponto de não mais existir. Fim.