quarta-feira, 13 de julho de 2016

Cabe o meu amor... Cabe três vidas inteiras... cabe uma penteadeira...

  

Tenho pensado sobre a expressão “o amor da minha vida”. Como é romantizada a ideia e o quanto algumas pessoas travam essa batalha incessante em busca de uma pessoa que as complete, como uma “metade da laranja”. Sempre achei muito estranha essa ideia de ser a metade de alguém, logo eu que transbordo tanto e acho que mal caibo em mim.

Sim, eu tenho um namorado. Ele é a pessoa mais bondosa e carinhosa que já pude conhecer. E muitas vezes olho pra ele e penso como tenho sorte de ter um companheiro tão querido e que me trate com tanto amor.  Mas ainda assim, acho estranha a expressão do “amor da minha vida”, primeiro porque acho muita pressão jogar tanta responsabilidade para uma pessoa só e segundo porque me gera certa estranheza porque a mim faz parecer que, ao usar a tal expressão, eu só poderia amar única e exclusivamente a uma pessoa. 

Para mim o amor permeia todas as relações. Sinto imenso amor por amigos meus, sem os quais eu não tenho certeza se conseguiria viver. Tenho uma amiga que se recusa a me dar oi ou tchau nas redes sociais, para que eu me sinta à vontade em conversar com ela a qualquer minuto, já que nossas vidas são corridas e nos vemos pouco. Tem a família da minha amiga que eu adotei como minha, e não me importo se existe algum laço sanguíneo que prove que não. Tenho um amigo que me aconchega no abraço dele e parece que o mundo poderia terminar naquele momento, sem problema algum.

O amor da minha vida está no olhar dos meus bichinhos que expressam sem palavras o quanto eles me amam, admiram e o quanto o meu carinho é o mundo pra eles. O amor da minha vida está nas pequenas ajudas da minha mãe e o quanto isso significa que de alguma forma ela se importa.  O amor está no encontro raro com os meus primos e meus tios. Nos conselhos sábios e sensatos do meu pai. O amor está em mim, que sou a única que vê lógica nas minhas lutas diárias e, bem às vezes, sorrio, respiro fundo e penso “até que estou indo bem”.

O amor está nas minhas amizades de infância, nas pessoas queridas que participaram de fases da minha vida. Está naqueles amigos distantes que acabei perdendo contato, mas guardo com muito carinho no coração. O amor está nos meus amigos de teatro e da faculdade, que dividiram e dividem comigo o maior amor da minha vida. O meu lugar de pertencimento e encontro.

O amor está na admiração imensa que tenho pela mulher mais batalhadora que conheço, ela que me mima com cafés e conversas no meio da tarde. Ela diz que um dia vou escrever o livro da vida dela. Que honra. O amor está no carinha que divide essa mulher maravilhosa comigo, o cara que transborda amor em cada gesto e que briga comigo, mas que é pro meu bem e vejo muito amor nesse cuidado todo.


Eu poderia exemplificar com muitas e muitas páginas quanto amor sinto e ganho. Mas para provar o meu ponto, só gostaria de dizer que, às vezes a busca pelo grande companheiro de vida, pode ser muito dura se não vemos no caminho quanto amor está aí, nas relações não tão romantizadas nos filmes, poemas e músicas: o amor do dia a dia, o amor das pessoas que estão na luta por elas e por quem elas abraçam como os grandes amores de suas vidas.