Penso que foi ela quem me fez virar artista.
Porque a arte não é profissão. Arte é questão de sobrevivência... E a arte nada
mais é do que um olhar apaixonado e profundo sobre as coisas banais da
vida. Foi ela quem fez uma explosão de
cores, tonalidades, sabores, cheiros, palavras... E quando misturei tudo, fui
tomado por um ímpeto criativo. Escrevi poesias com pinceis e tinta. Compus uma
ópera com formas e novas cores que inventei a partir do brilho daquele olhar.
Olhar que me dizia tanto e me entregava pronta toda a minha obra. (volta à tristeza) Mas a vida dela era
coisa demais. Era tudo tanto e tão intenso que durou o tempo de um amor de
verão. (pausa) Ela se foi. Deus a
quis para si, talvez para que ela pudesse inspirá-lo a modificar o que há de
triste no mundo. E a partir daí... Tudo virou neblina. Nada mais tem cor.