sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Não vou te encontrar no metrô República



É feio o que eu faço.
pensar o tempo todo em como te encontrar por algum acaso.
Acaso esse que propositalmente planejo.
E falho.
Não sei controlar essa vontade de você.
Não sei como agarrar de vez seu querer.
Só sei que te quero quase que por mimo.
E talvez tendo você eu não te quisesse quase nada.
E talvez eu quisesse a vida toda.
Não vou te encontrar se o acaso não quiser.
Sei que olho por todo lado, mas não acho.
Uma saída ou uma sanidade para me segurar
Já tentei me aliar ao tempo, mas o tempo passa...
Isso só faz meu querer aumentar.
Às vezes me pego distraída,
(Tento propositalmente me distrair)
Por que o acaso gosta de por o acaso.
E vai que assim, quando eu não esperar...
Você aparece me faz surpresa.
Diz que me quer e que esperava exatamente
O acaso nos juntar.


" o queres e o estares sempre afim do que em mim é de mim tão desigual. faz-me querer-te bem querer-te mal, bem a ti. Mal ao quereres assim."

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Sobre ela...




Ela vê o mundo como se folheasse uma partitura musical muito complexa.
Os sons e cheiros compõem a visão de tudo o que ela sonha que seria o ideal.
Por muitas vezes se sente em um filme europeu de um diretor famosíssimo – lê-se: estranhíssimo – desses filmes que você finge que entendeu fazendo sua melhor cara de conteúdo, mas que na verdade você queria mesmo era o dinheiro do ingresso de volta.
Ela se sente um furacão às vezes e não consegue compreender ao certo onde ela começa e os outros terminam. Tem ideias geniais que já foram pensadas por outras pessoas.
Finge que sozinha pode dominar o mundo, mas no fundo sabe que precisa tanto dos outros a ponto de morrer de medo de não ter ninguém por perto.
Ela gostaria de ser um pássaro, uma leoa, às vezes uma hiena e às vezes um dragão. Às vezes ela gostaria de ser ela mesma, mas só às vezes (como isso é uma obrigação diária, acaba caindo na rotina).  E então ela se reinventa.
A pessoa em questão se questiona sobre a enorme questão de conviver com as outras pessoas. Essa pessoa descobriu que não pertence a lugar nenhum. Descobre a cada dia que o local de pertencimento pode não ter endereço e CEP, mas pode ter RG e CPF. E sabe que pertencer a si mesmo é a parte mais difícil de jogar o jogo.
Ela está certa de que o local de nascimento é aquele em que lançamos olhares inteligentes sobre nós mesmos. Mas duvida muito que realmente saiba o que significa “inteligente”.
Ela tem absoluta certeza de que as palavras não significam realmente o que está no dicionário. Procura criar um mundo só dela. Onde não tenha gente que passe fome ou frio. E reza todas as noites (mesmo não sabendo pra quem) pedindo que o mundo do qual ela pertence se pareça com um mundo que ela criou.
Para ela, a religião significa amar ao outro e tentar amá-lo até quando isso parece impossível. Ela procura compreender. E compreender porque é tão difícil para o mundo compreendê-la.
O sonho dela é ser simples. Mesmo sabendo que os humanos são quebra-cabeças inincaixáveis e sobrepostos que confundem o tempo todo o ódio e o amor.
Ela sabe que nada sabe, e mesmo assim busca saber. Ela sabe que o importante é o processo mas busca desesperadamente por resultados. Ela só quer aprender a comunicar o que ela sente, mas palavras não foram inventadas ainda para explicar. 

I am he as you are he as you are me and we are all together...